Em finais do século XVII, o bispo D. Manuel de Moura Manuel manda construir, no lugar da Vista Alegre, a sul de Ílhavo, um palacete e uma capela em honra de Nossa Senhora da Penha de França (atualmente Monumento Nacional).

No entanto, a história do bairro operário inicia-se apenas em 1824, quando José F. Pinto Basto obteve alvará para a Real Fábrica de Porcelana, Vidro e Produtos Químicos da Vista Alegre. Os trabalhadores das primeiras décadas – vidreiros e ceramistas, vinham de todo o país, sendo muito poucos oriundos da região, pelo que, desde o início, se impôs a adoção de soluções de habitação. O fundador associa à fábrica um colégio onde se ensinava a ler, escrever, desenhar, pintar e também música. Aos poucos surge também uma banda filarmónica, um teatro (que haverá também de servir como cinema), cria-se uma corporação de bombeiros, uma cooperativa alimentar, etc…

Com o centenário da fábrica, dá-se um novo impulso ao bairro. Aumenta o número de habitações, a arborização, foca-se nos serviços de salubridade e de assistência médica, na escolaridade e até na criação de uma comissão de desportos e recreios. Na viragem século XXI, o bairro da Vista Alegre, com as suas mais de 70 habitações, é o mais emblemático do país, não apenas pela sua dimensão, mas porque soube transformar-se numa verdadeira comunidade, focada no trabalho e forjada em torno da partilha de valores artísticos e da identificação com este lugar “mágico”.

Próximo ao seu segundo centenário, a cumprir em breve, novo impulso aconteceu: a recuperação da capela, do teatro, a ampliação e qualificação do museu, as lojas da marca e ainda com a construção de um hotel de cinco estrelas. Dá-se também a recuperação ou conversão das antigas habitações. O bairro operário redescobre e celebra o seu espírito artístico, que alberga, ainda hoje, uma comunidade em laboração.