Passeio de Bicicleta à Beira Ria e à Beira Mar
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Na planura das praias da Barra e da Costa Nova a brisa marítima embala a pedalada, cambiando-lhe o ritmo consoante o sentido da marcha e amenizando a temperatura estival. No inverno apenas o sol e o seu reflexos nas águas nos acompanha. Aproveite para descobrir os segredos das gentes da Beira Mar e da Beira Ria, os seus hábitos e os seus costumes.
O passeio inicia-se no Largo do Farol, logo após um café nas esplanadas ensolaradas. Aproveitando a ciclovia existente, no sentido norte – sul, percorre-se a urbana avenida João Corte Real até ao largo que permite aceder ao paredão constituído pelo molhe sul da entrada da Barra. Pedalando até ao farolim que marca o seu fim aproveita-se para apreciar a espetacular beleza paisagística composta pela entrada da Barra (quiçás com a entrada de algum navio ou traineira, quem sabe se não do veleiro Santa Maria Manuela), pelo Farol da Barra, o mais alto farol português e o 26º mais alto do mundo, com os seus 62 metros de altura e 66 acima do nível do Mar, e ainda pelo areal que se estende, tranquilo, até a vista acabar quase nas praias de Vagos e apenas entrecortado pelos esporões.
Voltando à Avenida João Corte Real e à ciclovia deparamo-nos pontualmente com as gelatarias, os pequenos supermercados de bairro e lojas de roupa desportiva e de praia. As tripas fazem sentir o seu cheiro doce e acanelado nas ondulações da brisa até nos depararmos com a rotunda das praias, que coroa a esguia Ponte da Barra sobre o Canal de Mira, que atravessamos na marcha para sul.
Antes de nos aventuramos na povoação da Costa Nova, mesmo antes da loja artesanal de vimes, saímos da bicicleta e subimos, na duna, pelo acesso à praia. No topo aprecia-se uma das melhores paisagens do Canal e da Ponte, aquela que nos ficará para sempre na memória como cartão postal das praias de Ílhavo! Se estivermos cansados estendemos a toalha e tomamos um banho na praia quase deserta em frente, enquadrada pelos esporões que pontuam o areal.
No regresso à ciclovia, e atravessando a Avenida José Estêvão para a frente ribeirinha da Costa Nova, deparámo-nos com a beleza tranquila da Ria, refletor quase espelhado do céu, entrecortado por pequenos veleiros, lanchas ou catamarans, talvez até por um moliceiro, ou pelos kiters que flutuam sobre as águas, na margem oposta. Aos sábados é frequente verem-se os alunos da escola de vela do CVCN – Clube de Vela da Costa Nova, que funciona na marina adiante
Quase em frente ao restaurante da marina encontra-se o Palheiro de José Estêvão, antigo palco de tertúlias dos protagonistas do movimento liberal do setembrismo e de figuras de proa da cena artística nacional, durante a primeira metade do séc. XIX, como foram Eça de Queirós, Guerra Junqueiro e Oliveira Martins. Ostenta ainda as originais cores dos palheiros – vermelho ocre e preto. Estas edificações, inicialmente armazéns das alfaias da pesca, foram sendo gradualmente transformadas, ao longo da segunda metade do séc. XIX e primeira do séc. XX, em residências balneares, bem ao gosto da burguesia da época, e passaram a ostentar riscas coloridas em fundos brancos.
Na continuação da Avenida José Estêvão encontram-se diversos recintos desportivos: campos de ténis, de futebol e um mini-golfe, para além de um parque infantil, enquadrados pela luminosidade do espelho de água fronteiro. É também cada vez mais comum que os moliceiros, embarcações tradicionais da Ria, à vela, cuja função original consistia na apanha do moliço para fertilização dos campos agrícolas arenosos nas proximidades, estejam à disposição para prazenteiros passeios na lagoa.
O relvado da Costa Nova termina nas barraquinhas das farturas e da tripa, saboroso intervalo no passeio, rematado pela visão do cais dos pescadores que diariamente abastecem o Mercado do Peixe em frente, o único no país com cozedura de marisco nas suas instalações, que assim permite que os conhecedores possam apreciar diretamente o marisco confecionado, sem necessidade da sua preparação em casa.
Contornando o Mercado, pelas estreitas ruelas que antecedem o Bairro dos Pescadores, chega-se à Avenida da Nossa Senhora da Saúde onde, pontualmente, se podem apreciar palheiros originais, em especial o da histórica figura local da “arraísa” Joana, entre diversas vilas e casas de pescadores.
Regressando à ciclovia da frente Ria da Costa Nova passamos pelo acesso da ciclovia por baixo da Ponte da Barra reentrando na Barra pela Avenida Fernandes Lavrador até ao acesso, à esquerda, que permite aceder, pelo bairro residencial, à marginal da Ria onde se observa, ao fundo, o Navio Museu Santo André, as palmeiras do Jardim Oudinot e as traineiras do Porto de Pesca Costeira, do outro lado do canal. No final existe um miradouro que permite descansar os olhos na paisagem tranquila e no Forte da Barra, antes de continuar, paralelamente entre o canal principal e à Avenida Fernão de Magalhães, vislumbrando-se ao longe São Jacinto e o canal de acesso das embarcações comerciais ao Porto de Aveiro.
Passa-se em seguida pelos campos de futebol, chega-se ao largo da torre dos pilotos novamente ao Farol, mesmo a tempo de petiscar nas esplanadas do largo.
Farol da Barra
40º64'28.22'' N, 8º74'78.64'' W
Largo do Farol, Praia da Barra, Gafanha da Nazaré
Visita às quartas-feiras à tarde: 3 subidas (de hora a hora), no período das 13h30 e as 16h30 (inverno) ou no período das 14h00 às 17h00 (verão).
Observações: implica a subida, a pé, da escadaria de acesso.
Concluído em 1893, e exibindo uma majestosa torre cilíndrica com 62 metros de altura, que o tornam no mais alto do País e no segundo mais alto da Europa, o Farol da Barra é um dos ex-líbris do Município de Ílhavo, sendo visitado anualmente por milhares de turistas que, após uma subida de 288 degraus, se deparam com uma das melhores paisagens costeiras do País.