Palheiros da Costa Nova
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"Palheiros da Costa Nova" é designação geralmente utilizada para designar as casas de riscas coloridas, em fundo branco, que existem nesta praia e, muito especialmente, concentradas na calçada Arrais Ançã. São desde 2004 uma imagem de marca de Portugal tendo-se popularizado nacional e internacionalmente quando, por ocasião do campeonato europeu de futebol que nesse ano se realizou em Portugal, uma fotografia destes palheiros foi utilizada como um dos principais cartazes turísticos nacionais...
Estes palheiros, no entanto, eram um "segredo" já bem conhecido na região e em determinados meios artísticos e políticos nacionais... Afinal, já em 1863 o escritor Eça de Queirós a ela se referiu como "um dos pontos mais deliciosos do globo"!
Até inícios do século XIX a Costa Nova era um extenso areal desabitado mas, após a fixação da barra da Ria de Aveiro, em 1808, os pescadores das companhas piscatórias de Ílhavo foram gradualmente mudando-se para a Costa Nova e começaram a edificar palheiros, ou seja, construções de madeira, fazendo uso do material que na região abundava - a madeira, e que era leve de transportar. Serviam de abrigo ou habitação mas também como armazém e, posteriormente, especialmente as voltadas para a ria, serviram de armazéns de salga ou seca de peixe.
Inicialmente sem tratamento, os palheiros eram da cor da madeira. Formas de os proteger contra os elementos naturais fizeram com que fossem sendo revestidos de um composto à base de óleo de peixe aos quais iam sendo acrescentados pigmentos naturais. Assim, os palheiros tornaram-se vermelho ocre e preto (existem ainda alguns com estas tonalidades). Ao contrário de outros locais do litoral português, na Costa Nova adota-se o costume de alternar as cores nas tábuas dos palheiros.
Inicialmente amplos e sem quaisquer divisões interiores, à medida que se vai consolidando a ocupação humana da Costa Nova os palheiros vão sendo alterados... É introduzido, nalguns casos, o adobe, e passam a existir palheiros com mais que um piso e onde se "rasgam" portas e janelas e, nalguns casos, até chaminés. Os seus interiores passam a ser divididos com tabiques de madeira ou com velas de embarcações e, por vezes, são até “decorados” com conchas de ostras.
Os pescadores e os trabalhadores das salgas e secas de peixe, inicialmente, e posteriormente as famílias dos membros das companhas de pesca, seus sócios, escrivães e “arrais” foram sendo atraídos para a Costa Nova nos meses de verão e outono... Numa época de ascenção burguesa e alteração dos hábitos de ócio, a Costa Nova, entre ria e mar, atrai também escritores, políticos, burgueses e até o povo. Os palheiros da Costa Nova, imbuídos deste novo espírito, passam a engalanar-se com riscas coloridas, bem à moda de ir a banhos, servindo como habitações na estação balnear...
Hoje em dia a Costa Nova e os seus palheiros são principalmente procurados por famílias em férias mas também por praticantes da náutica que, nesta praia encontram um pequeno paraíso adequado para a maioria dos nautas, sejam eles experientes ou iniciantes.
Palheiro José Estêvão
O Palheiro José Estêvão, mandado construir por Manuel de Moura Vilarinho, em 1808, é um belo exemplar dos originais palheiros da Costa Nova, que se mantém na tonalidade original – o vermelho ocre. A meados desse século o parlamentar José Estêvão adquiriu-o e ainda hoje se encontra na posse dos seus descendentes, onde reunia alguns dos grandes nomes da cena artística nacional e políticos da época como Eça de Queirós, Guerra Junqueiro e Oliveira Martins, associados à “Geração de 70” e ao movimento do “realismo”. Julga-se que este palheiro tenha sido adulterado relativamente ao palheiro original.
Calçada Arrais Ançã
Avenida josé Estêvão, Praia
3830 Gafanha da Encarnação, Ílhavo
GPS: 40°36'51.5"N 8°44'59.2"W
Google Maps: 40.614301, -8.749782
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