Capela da Vista Alegre e túmulo de D. Manuel de Moura Manuel
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Monumento Nacional
Classificado através do Decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910
"Dedicada a Nossa Senhora da Penha de França, a capela da Vista Alegre foi mandada construir pelo Bispo de Miranda do Douro, D. Manoel de Moura Manoel (1632-1699), na sua quinta, em Ílhavo. As obras, em fase adiantada no ano 1697, deveriam estar concluídas em 1699, data da sua morte. Contudo, os seus restos mortais foram para ali trasladados apenas em 1706.
Trata-se de uma igreja de características maneiristas, ao nível do espaço interno, caracterizada por uma série de elementos barrocos ou proto-barrocos, principalmente na fachada. Esta, apresenta duas torres sineiras que enquadram o pano central, onde se rasga o portal e o nicho de colunas torsas com a imagem de Nossa Senhora da Penha e do menino Jesus. O conjunto, de linhas depuradas, é rematado por um frontão triangular de decoração ritmada com óculo central e cruz na empena.
A nave da igreja apresenta dois registos separados por uma moldura de pedra. No inferior, um conjunto de painéis de azulejos setecentistas, de oficina lisboeta, ilustram cenas da Vida da Virgem. A tribuna é coberta por abóbada, de onde se observa a pintura da Árvore de Jessé, que integra o conjunto de frescos que caracterizam o interior da igreja.
Na capela-mor, também com abóbada pintada a fresco (representando a Assunção da Virgem) e painéis de azulejo, destaca-se o retábulo-mor, de embutido marmóreo fino.
Ainda na capela-mor, encontra-se o túmulo do bispo fundador da igreja, uma das peças mais interessantes de todo este conjunto e que é também parte do conjunto considerado como Monumento Nacional. Concebido por Claude Laprade, o escultor francês que no final do século XVII traduziu o primeiro esforço de europeização nesta área (SERRÃO, 2003, p. 171), o Túmulo de D. Manuel de Moura Manuel "(...) é o mais significativo resumo das suas potencialidades de escultor e organizador de composições (...)" (PIMENTEL, 1989, p. 254). Inspirado, muito possivelmente, no túmulo do Abade La Coste (1688) desenhado pelos irmãos Perú ou no túmulo do Cardeal Richelieu, de Girardon, obras de tradição italo-francesa de carácter inovador (XAVIER, 1991, p. 189), este monumento funerário revela a figura do Bispo, no leito de morte, que se ergue perante a visão de Nossa Senhora da Penha de França. Aos pés do jacente encontram-se duas fénixes e um anjo que segura uma caveira. O Tempo, figura alada, de alguma idade, domina a zona superior da composição. Claramente barroca (na organização, no movimento e no horror ao vazio), esta obra assume, através da utilização dos símbolos e alegorias da época, uma iconografia da morte claramente pós-tridentina. Neste caso, o programa iconográfico foi estruturado em torno da ideia de ressurreição e vida eterna, para onde convergem todos os símbolos e alegorias empregues (XAVIER, 1991, p. 189). No contexto da produção tumular portuguesa do período barroco, este é um dos monumentos, "(...) a um tempo triunfal e macabro (...)" que introduz maior grau de inovação, em perfeita sintonia com o que de mais actual se produzia no estrangeiro, nomeadamente, em Roma (XAVIER, 1991, p.204). Ainda do mesmo autor será o baldaquino, em talha dourada, que se encontra no altar-mor, e o ossuário da mãe do Bispo." (adaptado de http://www.patrimoniocultural.gov.pt/)
Quem foi D. Manoel de Moura Manoel?
D. Manoel de Moura Manoel nasceu em Serpa. Filho segundo e não querendo seguir a carreira das armas, abraçou a que lhe restava, segundo o seu nascimento—a eclesiastica. Fez estudos superiores na Universidade de Coimbra e, em 17 de dezembro de 1660 foi nomeado Cónego Doutoral da Sé de Lamego, passando em 1666 para a Sé de Braga. Tinha já, por essa altura, sido nomeado Deputado da Inquisição de Évora, passou para Inquisidor da de Coimbra, em 1663, e a Deputado do Conselho Geral do Santo Ofício em 13 de abril de 1674. Em 1683 é eleito Reitor da Universidade (de Coimbra), lugar que ocupa até 1690.
Escolhido para Bispo de Miranda (do Douro) em 28 de abril de 1689, foi sagrado em outubro do mesmo na Igreja Paroquial de Nossa Senhora dos Anjos (Lisboa). 1699, viagem para as de S. Pedro do Sul, adoeceu gravemente nos Ferreiros (Viseu) onde faleceu e foi sepultado, tendo as suas cinzas sido transferidas para a Capela da Nossa Senhora de França, na Vista Alegre, que havia mandado contruir, em 1706.
Porque terá D, Manuel de Moura Manuel mandado edificar a Capela de Nossa Senhora da Penha de França? Sabe-se com certeza que vinha frequentes vezes passar alguns dias e, às vezes, meses, até, na quinta da Ermida, (vizinha à Vista Alegre) que pertencia ao seu irmão primogénito Ruy de Moura Manoel. Durante a sua estada terá travado relações com o proprietario da quinta da Vista Alegre, o Dr. Manoel Furtado Botelho, relações que se foram tornando cada vez mais próximas até ao ponto de D. Manuel ter mandado edificar em terrenos dependentes dessa mesma quinta a Capela. :(J.A. Marques Gomes, "A Vista Alegre: apontamentos para a sua história", 1883, adaptado)
Largo da Vista Alegre
3830-292 Ílhavo
GPS: 40°35'20.5"N 8°41'02.3"W
Google Maps: 40.589038, -8.683984
Todos os dias
Maio a setembro: 10h45 / 11h45 / 14h00 / 15h00 / 16h00 / 17h00 / 18h30
Outubro a abril: 10h45 / 11h45 / 14h00 / 15h00 / 16h00 / 17h00 / 18h00
Aquisição do bilhete na receção do Museu Vista Alegre. Entrada pela porta lateral, junto ao jardim da loja.