Nossa Senhora dos Navegantes
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3º fim de semana de setembro
Realiza-se em cada 3º fim-de-semana de setembro, na Gafanha da Nazaré, aquela que é uma das mais emblemáticas festas religiosas das comunidades piscatórias locais!
A festa, em honra de Nossa Senhora dos Navegantes, inicia-se com uma procissão em terra, na Cale da Vila, onde a imagem da santa é transportada em ombros desde a capela de São Pedro - o “pescador de Homens”, até ao Porto Bacalhoeiro. Aí, é embarcada e prossegue na Ria de Aveiro. É seguida por inúmeras embarcações, de todos os tipos e feitos, na Ria, e por mar de pessoas que também assistem nas margens da laguna. O seu rumo é em direção à “baía” de São Jacinto (Aveiro), na margem norte da Ria, onde “cumprimenta” o orago local – a Nossa Senhora das Areias. Daí regressa à margem sul, em direção ao Forte da Barra e à capela erigida em sua honra. Logo após o desembarque acontece a eucaristia. Ao fim da tarde e noite acontece “festa rija” no Jardim Oudinot, e na Gafanha da Nazaré, com festival de folclore e música, e tendo o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré como principal dinamizador.
A evolução desta festa…
A procissão náutica teve origem em meados da década de 70 (século XX) por influência do padre Miguel Lencastre, após uma viagem a Porto Alegre (Brasil). Antes desta prática, era sua característica a procissão levar a imagem da Santa, por terra, até ao mar, e regressar à capela. O padre João Vieira Resende na Monografia da Gafanha (1944), faz esta descrição da procissão: “celebra-se a sua festa na última segunda-feira de Setembro com enorme concorrência de forasteiros das Gafanhas, de Ílhavo, Aveiro e Bairrada. Nesse dia Aveiro é um deserto por se terem deslocado para ali muitos dos seus habitantes. A procissão ao sair do templo segue por sobre o molhe da Barra e regressa pela estrada do sul que vem do farol. A festa é promovida pela Junta Autónoma da Barra.”
O culto a Nossa Senhora dos Navegantes terá tido origem na Europa e levados posteriormente por portugueses e espanhóis para a América do Sul. No Brasil, ter-se-á iniciado a “procissão náutica”, na segunda metade do século XIX. Posteriormente, o clero português inspira-se nelas para para a realização destas procissões náuticas (e também na saudação a outras divindades, sendo que no Brasil acontece com Iemanjá, num exemplo de culto inter-religiões, e na Gafanha da Nazaré, à Nossa Senhora das Areias).
Os locais de passagem…
A Capela de São Pedro, na Cale da Vila, terá tido uma antecedente que terá sido a primeira a existir, como tal, na Gafanha da Nazaré, escriturada em 1818, e seria tão humilde que nem teria sino, sendo os fiéis convocados ao templo, para a missa dominical, e outras, através do sopro de um búzio, de acordo com descrição do padre João Vieira Resende na Monografia da Gafanha (1944), a que chama de “o sino dos pobres”. A atual terá sido inaugurada em 1983, sendo um projeto de Manuel Garcia Serra, e abençoada pelo então senhor bispo de Aveiro, D. Manuel de Almeida Trindade.
O Porto Bacalhoeiro é o terminal do Porto de Aveiro que serve os armadores de pesca do largo (ou longínqua) e as indústrias de processamento do pescado instaladas na Gafanha da Nazaré. É aqui que é descarregada a quase totalidade do peixe transportado pelos navios portugueses que operam no Atlântico Norte e o principal porto de pesca longínqua da Região Centro. É também a origem da atual cidade da Gafanha da Nazaré.
O Forte da Barra é uma antiga fortaleza, construída com fins de proteção militar da Ria de Aveiro e edificada no século XVII, no período pós-Restauração. Depois de 1640, a necessidade de reforçar as fronteiras do Reino tornaram-se uma prioridade na política da Coroa, pelo que uma das primeiras medidas de D. João IV foi a criação do Conselho de Guerra, que supervisionou uma reestruturação da rede de fortalezas fronteiriças. Na região foi edificado um forte "na ilha da Mó do Meio", na Gafanha da Nazaré, que originalmente apresentava uma planimetria abaluartada. Foi reconstruída em 1801 e, também durante o século XIX, foram acrescentadas construções, incluindo um pequeno farol (torre de sinais) que definiram a presente forma do forte nunca este tendo tido efetiva importância defensiva. Teve, no entanto, importância estratégica enquanto marco territorial e de orientação para a navegação e entrada de barcos na barra da Ria de Aveiro e constituído como ponto de referência do acesso terrestre da vizinha cidade de Aveiro à barra da ria, através da Gafanha da Nazaré já que foi construído o inicial acesso desta à Praia da Barra e ao seu farol nas imediações do forte.
A Capela de Nossa Senhora dos Navegantes, no Forte da Barra, iniciou a sua construção em 1863, pelo eng.º Silvério Pereira da Silva, a expensas dos pilotos da Barra. De invulgar tem as suas paredes ameadas e a ombreira da porta principal, em pedra de Ançã, lavrada em espiral com arco em ogiva. É atualmente parte do Porto de Aveiro.
A Gafanha da Nazaré é a cidade portuária do Município de Ílhavo e local de implantação do Porto de Aveiro (à exceção da área que corresponde ao seu Terminal Sul). Também conhecida por ser o coração da pesca do bacalhau em Portugal, porquanto é a cidade onde se encontra a totalidade da frota bacalhoeira nacional atualmente, e por ter sido também local com inúmeras secas de bacalhau (e atualmente de parte muito significativa das empresas de transformação alimentar da pesca no Atlântico Norte). Além desta associação às pescas longinquas a Gafanha da Nazaré é também um grande centro piscatório das pescas costeiras (e onde se o Porto de Pesca Costeiro do Porto de Aveiro, que, por sua vez, inclui também a Lota e o Porto da Pequena Pesca, epicentro das pescas lagunares e artesanais). Uma parte muito significativa da sua população dedica-se às pescas ou à transformação alimentar dos produtos da pesca nas muitas indústrias que ali existem.
Acompanhe aqui a agenda local de eventos...
Gafanha da Nazaré
início - Capela de São Pedro, Cale da Vila
fim - Forte da Barra