Madriz - levada em Vale de Ílhavo
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- Madriz - levada em Vale de Ílhavo
"Vale de Ílhavo foi sendo cortado pelo correr da água ao longo de muitos anos (neste caso desde a última grande glaciação que ocorreu há cerca de 20 000 anos). E é nas vertentes destes vales que está o contato entre as areias e as argilas, sendo neste ponto que a água aflora naturalmente em nascentes.
Em pontos estratégicos foram depois construídas fontes garantindo o abastecimento da comunidade. As encostas destes vales são constituídas por terrenos muito férteis (as designadas "vessadas", usadas para semear a erva para alimento e cama do gado), alimentados pelas frequentes cheias que ocorriam em épocas de forte precipitação. No verão, estando as terras mais secas, eram usadas para o cultivo do feijão, hortaliças, milho e de abóboras.
Uma das características desta paisagem de Vale de Ílhavo, como indica o seu topónimo, é a existência de um vale onde, na sua parte mais baixa, corre uma linha de água, também chamada de Madriz. Com origem nas águas subterrâneas existentes nas camadas de areias que assentam nas argilas, ou barro, no dizer popular, é esta água que alimenta as levadas, os canais construídos para conduzirem a água até às mós das azenhas e aos regadios.
A atividade moageira de Vale de Ílhavo é já muito antiga, estando documentada pelo menos a partir do séc. XVI. E foram estas moagens que permitiram a disponibilidade da farinha, que quase todas as casas aproveitavam para fazer o seu pão. Felizmente esta arte chegou aos nossos dias, e a herança deste património está representada nas diversas padeiras de Vale de Ílhavo, que ainda cozem as suas padas e os seus conhecidos folares." (texto de Paulo Morgado, adaptado, para a publicação "Olhar por Dentro: Percursos da Arquitetura de Ílhavo, 23 Milhas, Câmara Municipal de Ílhavo (2018)"
Rua Cabeço do Nuno
Vale de Ílhavo
GPS: 40°34'26.7"N 8°39'23.6"W
Google Maps: 40.574095, -8.656555