Costa Nova do Prado
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A ocupação da Costa Nova do Prado, que se confunde com a praia da Costa Nova, é possível apenas após a fixação artificial da barra (em 1808) e inicia-se pelos pescadores de Ílhavo que, organizados em "companhas" (grupos de pescadores, dirigidos por um arrais, em que cada um participava com o seu trabalho e com as suas poupanças), aí se dedicaram às várias artes de pesca, incluindo a xávega (técnica de arrasto onde se pratica o cerco ao peixe com uma rede que varre o fundo arenoso, disposta por uma característica embarcação a remos – a meia lua, ficando essa rede ligada a terra por cabos e sendo posteriormente puxada para terra com recurso a juntas de bois).
Da inicial capela, que erigiram em 1822, aos palheiros (atualmente as mediaticas "casas com riscas" na sua maioria) para armazenar as alfaias da pesca e daí aos armazéns de seca e de salga da sardinha, a Costa Nova vai evoluindo, como comunidade piscatória, até que, em meados do séculos XIX, com o advento do liberalismo e a ascensão da burguesia, passou a ser muito procurada por figuras da sociedade local e nacional, durante o verão.
A Costa Nova, entre o mar e a ria, corporizou fortemente o espírito então cultivado de valorização dos tempos de ócio e de lazer, ancorados na moda de “ir a banhos”, passear pelo campo, praticar atividades desportivas e posteriormente frequentar o teatro e o cinema. Eça de Queiroz a ela se referiu da seguinte forma: “e eu considero esse um dos mais deliciosos pontos do globo”, em 1893. Gradualmente, os antigos palheiros transformam-se em charmosas residências balneares e surgem, à época, verdadeiras mansões de influência estética Art Nouveau e Art Deco, enquanto que a comunidade piscatória se vai deslocando para sul. No presente, a Costa Nova continua a manter o seu encanto balnear tendo-se transformado numa localidade muito concorrida para a prática de atividades desportivas – náuticas ou não, para apreciar boa gastronomia, ou apenas para descontrair na praia de areal dourado.
A visitar na Costa Nova:
- Palheiros;
- Mercado do Peixe;
- Cais dos Pescadores;
- Capelas de Nossa Senhora da Saúde;
- Praia;
- Bairro dos Pescadores;
- Estátua do Arrais Ançã;
- Cais Criativo.
Um pouco mais...
- Não é possível compreender a história da praia da Costa Nova (e também da praia da Barra) sem antes saber como se processou a formação da Ria de Aveiro, que se estima ter-se iniciado apenas por volta do século X. Quatro a cinco séculos depois – no último quartel do séc. XIV a inícios do século XV, é bem provável que o processo da formação desta laguna estivesse já adiantado, encontrando-se diminuído o papel da corrente marítima litoral por via de sucessivos depósitos de areias, causa do abaixamento da maré e impedimento de que os rios Vouga, Águeda e Cértima desaguassem diretamente no Mar. Uma vez aberta a Barra, tornou-se de imediato atrativa a fixação nessa “Costa Nova”, língua de areia que se estendia quase até à Vagueira e que, a sul da nova barra, se encontrava formada e, agora, estabilizada.
- Os pescadores ilhavenses que aqui se foram instalando erigiram palheiros, armazéns de madeira para guardar as alfaias da pesca, inicialmente, e pernoitar, mais adiante, ou ainda armazéns de salga, para conservação do pescado. São estes palheiros (e podem ainda ser vistos alguns nas suas cores e formas originais – em madeira, pintados, ou não, com as cores preto e vermelho ocre) que virão a constituir-se como a raiz arquitetónica dos coloridos palheiros riscados.
- Em meados do século XIX já a Costa Nova era muito procurada pelas figuras da sociedade, local e nacional, nos meses estivais. O advento do liberalismo em Portugal conduzia à ascensão da burguesia e à valorização social do tempo de ócio e das férias, enquanto pausa na vida quotidiana, pautado também pela moda de “ir a banhos” e pelos passeios no campo, bem como pela defesa da prática de atividades desportivas. A Costa Nova, entre o Mar Atlântico e as calmas águas da Ria, corporizou fortemente esse novo espírito surgido a meados do século XIX, atraindo e moldando-se enquanto charmosa estância balnear, suportada numa dinâmica comunidade piscatória que, progressivamente, foi avançando” para sul. A estética dos palheiros, marcante e plenamente inserida nas modas europeias de frequência das praias, lembra padrões das barraquinhas de praia e dos trajes de banho da época.
- Em 1889, na Costa Nova, é tomada a decisão de construir a Capela da Nossa Senhora da Saúde, em substituição da que existia na altura, em madeira, que ainda pode ser vista ao lado da Capela dedicada ao mesmo orago, maior e atual igreja matriz.
- Em 1898 fica completa a estrada que liga a Costa Nova à Praia da Barra, completando o conjunto de infraestruturas rodoviárias (e pontes) que liga, por via terrestre estas praias e as cidades de Ílhavo e Aveiro.
- Em meados do século XIX terão existido na Costa Nova um casino e dois cinemas.
- A Ria permitia a prática da canoagem e da vela tendo conduzido, inclusive, ao nascimento dos veleiros da classe Vouga, a partir de 1923. O Vouga é um barco de recreio e lazer e a única classe portuguesa de vela, ex-líbris náutico desta nova forma de encarar a vida, surgida pelas mãos do mestre António Ferreira Gordinho, inspirado em técnicas de vela portuguesa, nas grandes escunas norte-americanas (onde esteve emigrado por cerca de quatro anos) e também nos condicionalismos técnicos de navegação impostos pelo Canal de Mira da Ria de Aveiro.
Costa Nova do Prado
Gafanha da Encarnação
GPS: 40°36'44.3"N 8°44'59.2"W
Google Maps: 40.612293, -8.749769
Acesso livre.